Quantas vezes você passou algum tempo olhando aquele “quadrinho” na embalagem de um alimento e se perguntou mas o que significa tudo isso? E quantas vezes você checou as calorias informadas nos rótulos enquanto pensava na dieta?
As regras para rotulagem dizem que todos os alimentos embalados na ausência do consumidor devem apresentar uma tabela nutricional. Mas o que importa mesmo, no fim das contas, é que esta tabela esteja sendo devidamente consultada e entendida por cada um de nós no momento de decidir o que comprar. Ou melhor, de decidir o que comer.
Nela, algumas informações não são opcionais. Em primeiro lugar destacam-se os nutrientes, grupos de substâncias que desempenham funções específicas no nosso organismo. A tabela deve obrigatoriamente apresentar minimamente, a quantidade de proteínas presente no alimento, carboidratos, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibras e sódio. Esses nutrientes devem estar mensurados em gramas por porção do alimento com exceção do sódio que é mensurado em miligramas (mg).
Outra informação importantíssima que você encontra na tabela — e esta eu aposto que você já sabe! — é o valor energético de cada porção, que é colocado em quilocalorias (Kcal).
A porção é a quantidade média recomendada de um determinado alimento que será consumido por uma pessoa sadia, acima de 3 anos. Mas não se engane, esta informação representa a porção que deve ser consumida em cada refeição — como por exemplo, na ocasião de um lanche, um almoço ou um jantar — e não o que você deveria comer ao longo do dia. É neste momento da avaliação da tabela nutricional que muitos consumidores acabam ficando confusos, então sempre compare produtos na mesma porção ou para 100 gramas.
Como sabemos, o hábito alimentar das pessoas varia muito. Você pode consumir duas fatias de pão de forma no café da manhã, e outra pessoa, igualmente saudável, ter o hábito de comer quatro fatias na mesma refeição. Porém, quem define qual a porção média de consumo recomendada para cada alimento é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por isso a recomendação de quatro fatias em determinado rótulo pode não fazer o menor sentido para manter uma alimentação equilibrada.
A tal porção, definida para cada categoria de alimento, aparece na tabela nutricional expressada em uma unidade padrão de medida. Por exemplo, gramas, mililitros, etc. Mas repare: em seguida, entre parênteses, você encontra a medida caseira correspondente, que será mais útil na hora em que estiver na cozinha, quando você não pensará em gramas, mas sim em xícaras, colheres de sopa, copos entre outros. Quando essa medida não é exata — infelizmente, em alguns casos você encontra 1 ¼ de copo ou 1 ½ fatia, pois a quantidade em gramas acaba representando mais de uma porção.
As informações sobre o porcionamento são tão importantes que eu ainda tenho mais uma informação a acrescentar: a porção representa uma parte do conteúdo total do alimento que está na embalagem, mesmo quando ela parece pequena. Mas isso vai sempre variar de acordo com a categoria do produto. Por exemplo, uma porção de biscoitos pode ser de 30 gramas, uma porção de pão de 50 gramas, mas uma porção de chocolate costuma ser de apenas 25 gramas, isso significa que você poderá comer poucos quadradinhos do tablete. Portanto observe com cuidado.
Mas então, como podemos saber se estamos consumindo uma quantidade adequada de nutrientes? O próximo passo é dar uma olhada na última coluna da tabela nutricional para analisar o % VD,que significa a porcentagem do valor diário de referência. Ele é definido para cada nutriente, comparando o que deveria ser a recomendação diária referente a uma dieta de 2.000 calorias.
Vou explicar dando um exemplo: um pote de iogurte de 200 ml, no qual aparece o número 10 na coluna referente a percentagem do VD das proteínas, oferece 10% da recomendação diária de ingestão desse nutriente.
Mas é fácil entender tudo isso?
Certamente não! Há mais de dez anos os governos e comunidades científicas investem em pesquisas com os consumidores para avaliar o entendimento da tabela nutricional, visando melhorar seu entendimento e desta forma, sua utilidade.
Penso que melhorar o entendimento da tabela não é te dizer se algo é bom ou ruim, mas ajudá-lo a fazer suas próprias escolhas de acordo com seus hábitos, suas questões culturais, condições financeiras e, não menos relevante, respeitando aquilo que lhe dará prazer de comer.